A tragédia das chuvas no Rio Grande do Sul reforçou o debate sobre a sustentabilidade dos grandes centros urbanos. Uma ideia do arquiteto Kongjian Yu, surgida após as enchentes de 2012 em Pequim, se baseia na natureza para proteger a cidade, utilizando paisagismo, áreas permeáveis e sistemas de drenagem natural. São as cidades-esponja.
Como funcionam as cidades-esponja?
O conceito de cidades-esponja baseia-se na ideia de transformar a infraestrutura urbana para imitar a capacidade natural do solo de absorver e armazenar água da chuva. Exemplos internacionais como a cidade de Jinhua, na China, demonstram o sucesso dessa abordagem na redução de inundações e na melhora da qualidade da água. No Brasil, diversos projetos já incorporam princípios das cidades-esponja, mesmo que não estejam oficialmente classificados como tal.
Banhados como esponjas naturais ameaçados
Os banhados, áreas úmidas planas e rasas típicas do sul do Brasil, desempenham um papel crucial como esponjas naturais. No entanto, esses ecossistemas ricos em biodiversidade estão desaparecendo a um ritmo alarmante devido à ocupação por empreendimentos imobiliários e atividades agrícolas.
Especialistas alertam para a importância da preservação dos banhados, não apenas para o controle de inundações e secas, mas também para o sequestro de carbono e a proteção da biodiversidade. A perda desses ambientes naturais intensifica os impactos negativos das mudanças climáticas.
Medidas para proteger as cidades das enchentes
Diante dos desafios climáticos e da perda de áreas úmidas, é fundamental adaptar as cidades brasileiras aos novos paradigmas. Isso inclui a recuperação da vegetação nativa, a implementação de soluções de infraestrutura verde e a revisão de leis que fragilizam as áreas de preservação ambiental. Ações como a recomposição da mata ciliar ao longo dos rios, a criação de parques e jardins de chuva, e a permeabilização do solo são medidas essenciais para tornar as cidades mais resilientes.